Já estou ha mais uma semana no hospital. Minha rotina esta bem tranquila.
Acordo cerca de 6h da manha, não porque eu preciso, mas porque meu quarto é exatamente encima da cantina, e neste horário eles ligam o exaustor e começam a barulheira das panelas.
É impossível ficar deitada e dormindo... aproveito então para dar uma caminhada no jardim e curtir o frio da manha, por neste horário a temperatura esta por volta dos 15º C. Faz bem frio na madrugada, mas durante dia o calor vem com força e qualquer caminhada na rua por mais de 10 minutos, faz o corpo de qualquer um transpirar muito... a umidade aqui é de cerca de 80% e os Pittas aqui sofrem bastante. Ficam pingando o dia todo. Eu como uma Vata Pitta, se não me expuser a rua, fico tranquila no meu quarto curtindo o meu ventilador...
E cerca de 4 x na semana temos aula de Yoga neste horário e substituo a caminhada pela pratica de yoga restaurativa...
Depois, vou para cantina tomar meu café da manha, que geralmente é composto por um chai e Idli. Costumo pedir sem Sambar e sem chutney, pois comer molho de tomate com abobora e pimenta já no café da manha, não cai muito bem para mim. Os funcionários da cantina ficam intrigados como consigo comer os bolinhos de lentilha e arroz fermentados puros... eu que não consigo me encher de pimentas as 8h da manha.
Depois volto para meu quarto e fico a espera da visita da equipe medica. Deitada, lendo, relendo, ... me viro para um lado, para outro... cochilo novamente... quanto mais eu durmo, mas sono eu tenho... é bom não ter nada para fazer...ou melhor.. eu tento não fazer nada...
Por volta das 10h, já com dor no corpo de estar deitada costumo ir para o quarto de alguns amigos pacientes, ficar olhando os procedimentos serem feitos e claro fazendo mil perguntas para as enfermeiras... é ... e lá estou eu processando mais informação... quando não vou ver os meus amigos, me divirto na biblioteca... ahh. Adoro cheiro de livros, e ainda mas uma biblioteca com textos védicos é uma benção...
As 12h em ponto vou para cantina e posso saborear meu delicioso Patient Meal!!... é “ o bandejão do paciente” . a comida é farta e saborosa. Posso repetir o quanto quiser.
Geralmente é composto por um curd com açafrão da terra, um pickles bem acido de lima, arroz basmati, 2 chapatis, uma porção de feijão moyashi com alguns legumes.. uma porção de legumes com coco ralado e especiarias e outros vegetais refogados com coco e bastante especiarias.
É o momento também de encontrar pacientes, conversar, ver como todos estão e se distrair um pouco.
Depois volto para meu quarto e fico a espera da minha massagem que começas as 14h. e por 1 hora, as mãos fortes, das 4 enfermeiras banham meu corpo com óleo bem quente. Meu corpo mergulhado, vai aos poucos sendo sedado, a mente confusa com óleo quente pingando na testa... e cada minuto, o corpo, a mente vao se entregando ao calor, a suavidade do óleo e as manobras intensas e fortes de cada massagista.
Ao terminar a massagem, as enfermeiras ajudam a tirar o excesso de óleo do meu corpo, com pequenos paninhos, e me enrolo em uma toalha e volto para meu quarto.
Permaneço ainda deitada e coberta de óleo por mais uma hora, e muitas vezes adormeço.
Um banho morno , de caneca é claro, pois chuveiro aqui é algo raro, ajuda a remover o restante do óleo do corpo. E depois a fome já começa a despertar novamente... coloco roupas limpas e desço em direção a cantina para um chai com bolo.
Reencontro algumas amigos e saímos para caminhar pelo jardim ou pela cidade.. mas a caminhada nunca ultrapassa mais de 30 minutos. Isto já é suficiente para nos deixar cansados. O óleo da massagem, os remédios, deixam o corpo mais lento, a mente mais calma e os movimentos mais suaves... as articulações ficam mais sensíveis e portanto esforço físico deve ser evitado.
Vou ao templo, fazer minhas preces diárias, contemplar o local... manter o silencio, a reflexão a presença... renovar as forças, a busca , a fé...
Quando chega as 19h, já estou na cantina novamente e agora para meu jantar... neste horário todas as mesas estão ocupadas, e os pacientes muito falantes e agitados. A maioria teve um dia intenso de tratamento e esta é hora de encontrar outras pessoas e se distrair. O hospital tem cerca de 300 pacientes internados hoje, então a cantina esta super lotada, e enquanto uns comem, a fila de espera é enorme.
Este ano o “clima” no hospital esta bastante pesado, estrangeiros mesmo somos só 3 pessoas.. eu e mais duas senhoras que são alemãs. O restante é indiano, ou filhos de indianos que moram no exterior. Poucas pessoas vieram apenas para “rejuvenescimento” . muita gente de cadeiras de rodas, e com problemas muito sérios. Afinal este é um hospital ayurvédico e a maioria dos pacientes desta unidade tem problemas neurológicos, doenças auto-imunes, sofreram algum acidente de deixou sequelas motoras, outros com paralisias, Parkinson, artrite, artrose, etc.. todos aqui buscando uma nova vida, uma melhora, uma transformação.
As vezes, a conversa esta tao boa, que saímos da cantina e continuamos reunidos no saguão do nosso prédio, ou vamos para o templo, ou para o quarto de algum de nós. As conversar nunca ultrapassam as 21h, pois as 22h, todas luzes dos corredores estão apagadas e é necessário silencio total, pois todos deve já estar deitados. Ou então, volto para o quarto, para cama, ler , escrever, contemplar, descansar e reavaliar cada momento, cada vivencia, cada experiência...
estes sao meus dias bem tranquilos e restauradores, e que seguirão por pelo menos mais 3 semanas...
Paz e saúde a todos...
2 comentários:
Uau!!! Gostei da proposta do hospital q atende pacientes bem comprometidos. Delicia de rotina. Vou tentar marcar uma consulta o mais rapido possivel c vc e acho q ateh janeiro devo ter um diagnostico do meu caso, mas certamente a ayurveda serah meu caminho p a cura. Acabei de chegar de um panchakarma c Dr. Ruguê. Namaste!!! Até já!!
Oi Laura! Qual o nome desse hospital e que cidade fica? Obrigada
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